Dhee Ayn: Descubra os Segredos da Impressionante Aldeia de Mármore da Arábia Saudita

Dhee Ayn (Aldeia de Mármore) destaca-se como um assentamento fortificado de 400 anos que repousa impressionantemente sobre uma montanha de mármore branco na Arábia Saudita. Também conhecida como Thee Ain ou Zed Ain, esta aldeia histórica é visível a vários quilômetros de distância, criando um contraste deslumbrante entre a colina rochosa de mármore branco e as ardósias escuras das construções.

Esta Aldeia de Mármore, uma das mais importantes aldeias arqueológicas do Reino, abrange aproximadamente 15.000 metros quadrados e abriga 58 casas de múltiplos andares construídas com pedras polidas através de um processo chamado 'Madamek'. As paredes espessas destas construções, variando entre 70 e 90 centímetros, funcionam como isolamento contra as temperaturas extremas da região. Além disso, a aldeia possui mais de 75.000 metros quadrados de terras agrícolas que produzem anualmente mais de 8 toneladas de bananas e mais de 21.500 flores kadi, um testemunho da sua surpreendente fertilidade em meio à paisagem árida. Apesar de seu abandono atual, Dhee Ayn carrega seu passado com leveza, convidando os visitantes a explorarem seus segredos e maravilhas arquitetônicas.
 

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A origem e a história da Aldeia de Mármore

Fundação e primeiros habitantes

A fascinante história de Dhee Ayn remonta ao século X do calendário islâmico, com fundação aproximadamente no século XVII. Embora algumas fontes sugiram assentamentos anteriores, as origens rastreáveis desta aldeia fortificada datam de cerca de 400 anos atrás. Durante este período, a comunidade cresceu e se desenvolveu, construindo aproximadamente 58 casas de vários andares que se estendem por uma área de cerca de 15.000 metros quadrados.
Os primeiros habitantes demonstraram notável engenhosidade ao escolher este local estratégico. Construíram suas moradias no topo de uma colina de mármore branco, criando uma fortaleza natural que oferecia proteção e vantagem visual sobre o território circundante. A mesquita foi estabelecida como núcleo central da aldeia, com residências e terras agrícolas ao redor, formando uma comunidade autossuficiente e bem organizada.

Conflitos e abandono no século XX

Antes da unificação do Reino pela família Al Saud, Dhee Ayn testemunhou numerosos conflitos entre as tribos locais. Um dos confrontos mais significativos ocorreu quando os exércitos das tribos Zahran e Ghamd enfrentaram as forças otomanas de Muhammad Ali Pasha. Existem até mesmo túmulos conhecidos como "sepulturas dos turcos" que servem como lembrança silenciosa destes confrontos históricos.

Os otomanos documentaram a presença de grandes quantidades de mármore de alta qualidade e metais na região. Este mármore foi posteriormente utilizado durante a expansão da Grande Mesquita. No entanto, apesar de sua rica história e importância arquitetônica, a aldeia foi completamente abandonada durante o século XX, com os últimos moradores partindo há aproximadamente 30 anos. Felizmente, as estruturas permaneceram notavelmente preservadas, oferecendo um vislumbre da vida tradicional saudita de séculos passados.

Significado do nome Dhee Ayn

O nome Dhee Ayn, que pode ser traduzido como "aquele com nascentes" ou "de nascente", deriva das abundantes fontes de água doce que emergem das montanhas próximas. Estas nascentes têm fluído por centenas de anos, irrigando as terras e fornecendo água para o gado, transformando a região em um oásis verde em meio à paisagem árida.

Uma lenda local conta que um homem perdeu seu bastão em um dos vales. Para recuperá-lo, seguiu o rio até chegar à aldeia. Lá, reuniu os moradores que, após escavações na nascente, conseguiram recuperar o objeto perdido. Esta história folclórica ilustra a importância vital que a água sempre teve para esta comunidade, justificando assim seu nome e explicando o desenvolvimento de um assentamento tão próspero em uma região predominantemente seca.
 

A arquitetura única de Dhee Ayn

A majestosa silhueta de Dhee Ayn contra o céu destaca-se à distância, criando um brilho branco visível a vários quilômetros. Este efeito extraordinário deve-se não às casas em si, mas à colina reluzente de mármore branco sobre a qual a aldeia foi engenhosamente construída.

Casas de vários andares feitas com pedras polidas

A aldeia abriga 49 habitações distribuídas de forma impressionante: 9 de um único andar, 19 de dois andares, 11 de três andares e 10 de quatro andares. Algumas construções mais imponentes chegam a alcançar sete pavimentos, demonstrando notável expertise arquitetônica para uma aldeia com 400 anos de idade. As edificações foram construídas utilizando um processo chamado "Madamek", que emprega pedras polidas cuidadosamente empilhadas.
Ao caminhar pelos estreitos caminhos da aldeia, o visitante encontra não apenas residências, mas também uma pequena mesquita e diversos fortes que serviam para defender e vigiar o povoado. A distribuição dos ambientes nas residências seguia uma lógica prática: os andares inferiores eram dedicados à recepção e convivência, enquanto os superiores serviam como dormitórios.

Uso do mármore branco e sua função térmica

Curiosamente, o apelido "Aldeia de Mármore" não se deve às casas - estas são feitas de ardósia e pedras em lascas, não de mármore. O nome deriva da deslumbrante colina de mármore branco que serve como base para todo o assentamento. Este mármore não apenas proporciona um visual impressionante, mas também desempenha uma função térmica vital: ao refletir a luz solar, ajuda a manter os interiores das construções agradavelmente frescos, mesmo sob o calor intenso da região.

O contraste entre o mármore branco e as estruturas de pedra cinza-escuro cria uma imagem de alto impacto visual, especialmente durante o amanhecer e o entardecer, quando os raios solares realçam ainda mais esta diferença.

Técnicas tradicionais de construção

A técnica construtiva utilizada é bastante incomum: pedras planas empilhadas umas sobre as outras, sem aparente uso de argamassa. Este método confere às edificações uma textura "em escamas" muito característica, criando a impressão de que as construções simplesmente brotaram do solo.

As paredes, impressionantemente espessas (entre 70 e 90 centímetros), funcionam como excelente isolamento contra as temperaturas extremas da região. Para os tetos, utilizava-se madeira de árvores locais como al-Ar'ar, al-Ithl e al-Talah como suporte. Os grandes cômodos eram cobertos usando colunas conhecidas como "zafer", e sobre a madeira de Sidr colocava-se um tipo de pedra chamada "Salat", posteriormente coberta com lama.

Esta arquitetura singular, que harmoniza materiais disponíveis localmente com soluções climáticas eficientes, revela uma sabedoria construtiva que estava muito à frente de seu tempo.
 

A importância agrícola e ambiental da região

Em contraste com a aridez circundante, o fluxo contínuo de água doce transforma Dhee Ayn em um refúgio de vida e cor, demonstrando o extraordinário poder da natureza em meio ao deserto saudita.

A nascente que sustenta a vida local

O próprio nome da aldeia deriva de sua característica mais preciosa - "Dhee Ayn" refere-se à nascente que corre através da região há centenas de anos. Esta fonte perene emerge das montanhas próximas, criando um curso d'água que desce por um canal natural e transborda sobre uma pequena face rochosa antes de continuar seu caminho. Sem este recurso vital, o assentamento jamais teria prosperado em região tão desafiadora. A nascente não apenas fornece água potável para consumo humano, mas também sustenta todo o ecossistema local e possibilita a irrigação agrícola através de um sistema ancestral alimentado pelos córregos da montanha.

Principais cultivos: banana, kadi e manjericão

A riqueza agrícola da Aldeia de Mármore é surpreendente. Com mais de 75.000 metros quadrados de terras cultiváveis, a região produz anualmente mais de 8 toneladas de bananas, com pico de produção no verão. Além disso, os campos geram impressionantes 21.500 flores de kadi ao longo do ano, com maior produção em outubro. Algumas fontes até indicam uma produção ainda maior, chegando a 32.000 flores de kadi anualmente.

No passado, cultivava-se trigo na área e as palmeiras produziam frutos deliciosos. Atualmente, as bananeiras predominam em meio aos aromas refrescantes do kadi e do manjericão fresco. Limões e outras árvores frutíferas complementam esta impressionante diversidade agrícola, tornando a região um verdadeiro tesouro de sabores e aromas.

Oásis verde em meio ao deserto de pedra

A paisagem de Dhee Ayn cria um contraste visual fascinante. Ao redor da colina de mármore branco onde a aldeia foi construída, floresce uma exuberante vegetação que inclui abundantes bananeiras, ervas silvestres e flores sazonais. Esta microambiente é tão diferente do topo rochoso da colina quanto a noite é do dia. Para além do curso d'água, tudo é pedra cinzenta - é como um mini-Nilo, uma faixa de vida e verdor no meio de um deserto de granito.
Este tipo de ambiente de oásis aproxima-se da visão árabe do Paraíso, um tema recorrente no Corão e na poesia árabe clássica: a água é o elemento essencial do Paraíso para os árabes. Assim, Dhee Ayn não representa apenas um feito agrícola, mas também encarna um profundo significado cultural e espiritual.
 

Turismo, preservação e acesso à aldeia

Atualmente, Dhee Ayn (Aldeia de Mármore) passa por uma impressionante transformação de ruínas históricas a destino turístico vibrante, graças aos esforços coordenados das autoridades sauditas para preservar este tesouro arquitetônico.

Projetos de restauração e proteção

A Autoridade de Turismo da Arábia Saudita investiu 16 milhões de riyals em um ambicioso projeto de reabilitação dividido em cinco fases. As três primeiras fases já foram concluídas, incluindo a restauração de diversos edifícios, estabelecimento de um museu privado, abertura da mesquita arqueológica e criação do jardim da aldeia. A quarta fase, recentemente iniciada, foca na restauração dos edifícios restantes com custo estimado em mais de 7 milhões de riyals. No final de 2022, a Comissão do Patrimônio inaugurou o Museu Dhee Ayn, oferecendo aos visitantes uma janela para a história da vida doméstica na Península Arábica.

Inclusão na lista indicativa da UNESCO

Este impressionante conjunto arquitetônico conquistou seu lugar na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial da UNESCO, destacando-se por dois critérios principais: representar um assentamento tradicional preservado que se tornou vulnerável às mudanças irreversíveis e ser um exemplo excepcional de adaptação perfeita ao ambiente e seu contexto socioeconômico. A autenticidade do local está em sua organização homogênea, preservação de técnicas tradicionais e manutenção das plantações e jardins originais.

Como chegar e quando visitar

A aldeia localiza-se a aproximadamente 25 quilômetros do centro de Al Baha, na província de Al Mikhwat. Os visitantes podem chegar facilmente de carro ou avião, desembarcando no Aeroporto Saud bin Abdul-Aziz e percorrendo apenas 40 minutos de carro. O local funciona diariamente das 7h às 18h. Devido ao calor e às caminhadas necessárias para explorar a aldeia, recomenda-se visitar durante as horas mais frescas ou no inverno. Há estacionamento e banheiros disponíveis, mas não existem lojas no local.

Eventos e festivais locais

Durante o inverno, Dhee Ayn ganha vida com diversos eventos culturais, destacando-se o festival de bananas, kadi e outros produtos agrícolas que promove a região como destino turístico. Além disso, espetáculos de luz ocasionalmente iluminam as fachadas dos 58 palácios da aldeia, como ocorreu durante a celebração da inclusão da caligrafia árabe na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO.

Dhee Ayn certamente representa uma das joias arqueológicas mais impressionantes da Arábia Saudita. Esta aldeia fortificada com 400 anos de história nos conta uma narrativa fascinante sobre adaptação humana, engenhosidade arquitetônica e harmonia com a natureza.

O contraste visual entre a colina de mármore branco e as construções de ardósia escura cria, sem dúvida, um espetáculo único que atrai visitantes de todas as partes. Além disso, a técnica construtiva "Madamek" demonstra a sabedoria ancestral dos habitantes que souberam aproveitar os materiais locais para criar estruturas resistentes ao clima desafiador da região.

As nascentes que deram nome à aldeia transformaram este local aparentemente inóspito em um oásis produtivo. Consequentemente, a produção abundante de bananas, flores de kadi e ervas aromáticas continua sendo motivo de admiração até hoje. Esta prosperidade agrícola em meio ao deserto nos lembra que a vida encontra caminhos para florescer mesmo nas condições mais adversas.

Os atuais esforços de preservação e restauração garantem que as futuras gerações também poderão apreciar este tesouro histórico. A inclusão na Lista Indicativa da UNESCO, portanto, reconhece a importância mundial deste patrimônio saudita e fortalece ainda mais sua proteção.

Durante sua visita, você terá a oportunidade de caminhar por ruelas estreitas, explorar casas ancestrais e sentir a atmosfera única de um local onde o tempo parece ter parado. Os festivais sazonais, especialmente durante o inverno, oferecem uma chance especial de vivenciar a cultura local e saborear os produtos típicos da região.
Dhee Ayn não é apenas um destino turístico comum – é uma viagem no tempo, um testemunho da engenhosidade humana e uma celebração da rica herança cultural saudita. Esta aldeia de mármore, embora abandonada por seus moradores originais, continua viva através das histórias que suas pedras silenciosamente contam e do renovado interesse que desperta nos visitantes contemporâneos.

Então, que tal incluir esta maravilha arquitetônica em seu próximo roteiro de viagem? Afinal, poucos lugares no mundo combinam tão harmoniosamente história, cultura e beleza natural como a impressionante Aldeia de Mármore da Arábia Saudita.

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